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BRITÂNICO OU AMERICANO?

Na semana de 01 a 05 de abril aconteceu na Inglaterra a 48ª Conferência Anual da Associação Internacional de Professores de Inglês como Língua Estrangeira  – IATEFL.  Com tudo o que vimos e ouvimos ainda ecoando, me pergunto o que podemos fazer para ajudar nossos alunos a aprender mais, mais rápido e com mais eficácia. Por exemplo:

  • “Dar o recado”. Como em qualquer evento internacional, usamos uma língua franca para a comunicação entre participantes falantes de diversas línguas. O interessante para nós, profissionais da área, é que estamos ao mesmo tempo debatendo “sobre” o uso desta língua franca e sobre o ensino para a comunicação. E tanto nas apresentações, palestras e oficinas quanto nas conversas durante o café, o que menos importa é o sotaque de cada um, o eventual erro no uso de gramática ou vocabulário. O que falta, muitas vezes, é a habilidade de descrever, (contra)argumentar, resumir, enfatizar, explicar… Ou falta conhecimento para o uso da língua de forma apropriada para determinada intenção de comunicação. É o somatório destas habilidades que nos permite “dar o recado”. Será que nossos alunos estão conscientes disso?
  • Língua internacional? Andando pelas ruas e assistindo à TV inglesa – principalmente os anúncios publicitários – é interessante ver como cada vez mais a linguagem da publicidade, da moda, do turismo, sem falar na gastronomia, cada vez mais faz uso de termos, nomes, conceitos e imagens emprestados de outras línguas – com todo o simbolismo e estereótipos associado a essas escolhas. Língua estrangeira é cool? Francês é sofisticado? Italiano é sinônimo de boa gastronomia? Ou de extroversão? Português é exótico? Termos estrangeiros frequentemente são utilizados como jargão, para criar pertencimento e dar sentido de grupo aos que partilham o conhecimento daquele “código”. Quanto mais exposição nossos alunos tiverem a estes aspectos do uso da língua, melhor, mas nas duas horas de aula que temos por semana não há tempo para abraçar o mundo. Precisamos encorajar a autonomia de nossos alunos, estimular a pesquisa, torná-los mais curiosos e mais críticos.

E diante desses e outros assuntos, penso que fica cada vez mais fora de propósito uma pergunta que ainda ouvimos bastante – “Que inglês você fala – britânico ou americano?” Considerando que há três vezes mais falantes de inglês como segunda língua no mundo do que falantes de inglês como primeira língua, por que razão ainda fazemos essa distinção entre “inglês americano” e “inglês britânico” em nossos materiais didáticos, como se estas duas variantes pudessem abarcar toda a produção de inglês falado e escrito no mundo? Além disso, sabemos que nacionalidade apenas não explica todas as nuances e variedades linguísticas – faixa etária, gênero, e aspectos socioculturais têm tanta ou mais influência sobre o falar de indivíduos e grupos. Qualquer material didático para o ensino de inglês como segunda língua com um mínimo de seriedade apresenta aos alunos exemplos de variedades linguísticas, e tem por objetivo prepará-los para a realidade plurilíngue do mundo e para o grande desafio da comunicação.

Para mais informações sobre a IATEFL acesse www.iatefl.org

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Stephen Greene www.tmenglish.org
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Sandra Possas

Sandra Possas (MA TEFL, University of London; RSA DipTEFLA, MBA Business Management, Ibmec RJ), Diretora Editorial da Richmond no Brasil, é linguista com experiência em ensino de inglês como língua estrangeira, formação de professores e desenvolvimento de materiais de ensino.

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